Modelo Queijo-Suíço no Paraquedismo

A teoria de segurança do Modelo Queijo-Suiço é usada em gerenciamento do risco e se aplica também ao paraquedismo. Ela propõe o conceito ilustrado por várias fatias superpostas de queijo suíço como se cada uma delas fosse uma camada de proteção. Se uma falha se apresenta numa das camadas de proteção, a próxima criará outra barreira de defesa que evitará o acidente. E isto funciona para qualquer tipo de atividade e no nosso caso o Skydive.

Um acidente só ocorreria, portanto, caso vários buracos que representam erros e falhas nestas fatias de queijo, se alinhassem permitindo que a trajetória do risco passasse por todas as camadas.

Pense em algumas das várias camadas de proteção que criamos para nos proteger numa atividade de saltos:

  1. Equipamentos novos, modernos, testados com boa manutenção e seguros.
  2. Boas aeronaves com bons pilotos e boa manutenção.
  3. Boas pistas de decolagem e pouso.
  4. Equipamentos semestralmente certificados por bons riggers.
  5. Boas escolas, com bons métodos e processos.
  6. Bons instrutores.
  7. Bons treinadores.
  8. RTAs zelando para que as atividades na área de salto sejam praticadas com segurança.
  9. Uso de check lists.
  10. Cheques de equipamentos sempre conduzidos por alguém experiente.
  11. Os paraquedistas e escolas sempre seguem as Normas com relação aos tipos e tamanhos de velames.
  12. Bom planejamento e preparação antes do embarque.
  13. Saltos realizados somente com boas condições meteorológicas.
  14. Sempre um responsável pela decolagem bem experiente a bordo da aeronave.
  15. Todos paraquedistas sabem o que fazer no caso de panes na aeronave.
  16. Comunicação terra-avião.
  17. Bons lançadores a bordo.
  18. O tempo de separação na saída é sempre bem briefado e executado dependendo dos tipos de modalidade de saltos.
  19. Saltos em grupo sempre são executados por pessoas que tem habilidades suficientes para saltar com segurança.
  20. Saltos com deslocamento são sempre conduzidos por paraquedistas com muita experiência.
  21. A separação é sempre extremamente bem planejada e executada.
  22. Durante a abertura, os paraquedistas novatos, intermediários e experientes sabem exatamente com se portar para evitar colisões.
  23. Todo paraquedista sabe o que fazer em qualquer circunstância de emergência, sendo ela na aeronave, na saída, na queda-livre, no momento de acionar, durante a abertura, na descida com o paraquedas aberto e no pouso. Se uma situação de emergência surgir inesperadamente, o paraquedista saberá exatamente o que fazer sem ter que pensar.
  24. Durante a navegação todos paraquedistas olham ao seu redor o tempo todo, de 5 em 5 segundos, localizando todos os paraquedistas que estão no ar.
  25. Todos os paraquedistas no ar são totalmente previsíveis e só fazem manobras que deles se espera.
  26. Todos paraquedistas sabem as regras para se evitar colisões.
  27. Todos paraquedistas sabem como criar o distanciamento vertical entre todos que estão no ar.
  28. Paraquedistas fazem sempre o circuito padrão.
  29. As áreas de salto todas já tem bem delineadas as áreas de pouso para cada nível de paraquedista.
  30. Paraquedistas sempre pousam com segurança e de acordo com suas habilidades.

Esta pequena lista serve apenas para ilustrar como funcionam as barreiras protetoras.

Se pensarmos em colisão de velame, que é um grande risco potencial em cada salto, podemos entender melhor como o modelo funciona.

Imagine que numa área de salto haja áreas de pouso separadas para alunos e tandem, para paraquedistas intermediários e para pilotos de velame. Imagine ainda que o RTA cuida de informar a todos os paraquedistas visitantes sobre o funcionamento destas particularidades. Além disto, ele lembra a todos que devem prestar atenção no tráfego durante o tempo todo que estão no ar, desde a abertura, e que todos tem que fazer uma navegação previsível com curvas de até 90º, sempre que possível à esquerda. Todos são informados sobre o circuito padrão e são solicitados que façam uma separação vertical desde a abertura, deixando os velames menores pousarem primeiro e os maiores por último.  A separação de grupos no embarque é sempre bem feita e o distanciamento entre eles é respeitado na hora da saída.

Pronto, estão estabelecidas várias camadas de proteção. Porém, inadvertidamente, um dos paraquedistas faz o circuito pelo lado errado. Embora tivessem separação vertical, um deles faz uma curva e perde altura ficando no mesmo nível. Nenhum dos dois está vendo o outro e coincidentemente a trajetória dos dois se encontra naquilo que é entendido como “final para pouso” para um deles, e ponto B para o outro. Ou seja, os buracos do queijo suíço se alinharam para provocar um acidente.

Muitas vezes as falhas se alinham nas camadas de defesa e ficamos expostos ao risco de um acidente. Portanto, quanto mais aceitarmos que o paraquedismo é um esporte de risco e que a nossa segurança depende de toda uma estrutura deliberadamente montada para nos proteger das eventuais falhas do sistema, mais seguras serão as nossas atividades.

Seja um agente multiplicador e ajude a criar uma Consciência Coletiva de Segurança: obedeça as Normas, colabore com RTAs e instrutores e fique sempre atento para evitar que as brechas nas barreiras de segurança se alinhem.

11 comentários Adicione o seu

  1. Danilo Santos disse:

    Parabens pelo texto ! Trabalho com gestao de risco empresarias e esse texto exemplica e transmite com clareza exatamente as questoes de riscos versus controles, bem como a nossa realidade, e nesse caso o esporte q gostamos, skydive !

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    1. Obrigado Danilo! Nosso objetivo é aumentar a segurança no paraquedismo. Agradeço se você puder divulgar e compartilhar.
      Grande abraço e bons saltos!

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  2. Kenneth Buswell disse:

    Belo texto…. Segurança sempre ecem primeiro lugar…
    Câmera man
    Equipe Netunos
    Marinha do Brasil

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    1. Obrigado Kenneth! Vamos trabalhar por um Paraquedismo mais seguro. Por favor, ajude a divulgar compartilhando. Grande abraço.
      Ricardo

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  3. Muito bom o texto e como disse podemos aplicar em vários esportes radicais, no meu caso Paramotor e Paratrike. Vou compartilhar e grande abraço! Guto Toledo

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    1. Obrigado Guto!
      Grande abraço.

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  4. Yosvani Manuel Pérez Guadarrama disse:

    segurança é o elemento essencial para executar um salto seguro, comer em outro tipo de esporte radical, que exige que lemento, que deve ser cumprido em 100 por cento, como o monge faz, o mesmo é inviolável.

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    1. Obrigado pelo comentário Yosvani! É justamente isso, cumprir as normas e usar o bom senso! Abraços, Ricardo

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  5. Yosvani Manuel Pérez Guadarrama disse:

    Trabalhando em seguridade é um los elementos fundamentais quando falar ou extrema analizan esportes e este é o caso do nosso pára-quedismo, levante o mesmo em nosso país é o topo de qualquer Professional, é onde os resultados do trabalho estão equipe de desde dos instrutores responsáveis ​​pelo lançamento, reder, para a tripulação da aeronave, tudo é um conjunto que fazem uma entidade, resultando em confiabilidade na execução de saltos, tendo em cuenta que começa a partir de tempo de descanso , preparação teórica, terra, prático, para fora, trabalho no ar mantendo a distância entre pára-quedistas no ar distância com segurança cerca de 70 metros entre pára-quedistas no ar com controlado velâmen média do trabalho cerca de 25%, com a ajuda de linhas de comando, sempre fazendo a observação apropriada do espaço aéreo em seus 360 graus e a localização do paraquedista que está no baixo e no Sima, garantindo trabalho de 45 graus na aterrissagem segura em la zona anteriormente destinado a ela ou estiver selecionado com antecedência para o pára-quedista si mesmo, outro elemento-chave que eu proponho é quando uma avaria que pára-quedista que sofrem ou isso acontecendo através desse elemento negativo que é prejudicial ao caráter ou índice de confiabilidade foi acompanhado por outro pára-quedista até o final, sempre deve ser acompanhado o pára-quedista que está abaixo dele e aquele que está acima da fúria para o pára-quedas abandonado evitando assim em grande medida a perda do elemento principal que falhou e estudos podem ser feitos de por que o mau funcionamento e trabalho em conjunto determinam que Foi o elemento que falhou, pode ser o tempo de exploração, manutenção inadequada, aberturas aceleradas ou uma má duplicação das paraquedas. Considero que são elementos importantes a ter em conta, para um bom desenvolvimento do paraquedismo em nossa sociedade.

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  6. Adriano disse:

    Muito bom trabalho Ricardo, li todo o texto e cada vez aprendo mais e relembro os ensinamentos passados no Tbbf. Como sugestão, esse cheklist deveria estar fixado em lugar visível em todas as escolas e áreas de paraquedismo no Brasil. Abraço e até!

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