Era um dia frio no mês de junho de 1971. Eu perambulava pelo centro da cidade de Campinas quando me deparei com algo que mudaria a minha vida para sempre. Eu tinha apenas 12 anos de idade. Minhas principais atividades eram a escola, aulas de tênis e escotismo. Numa das esquinas de umas das ruas comerciais mais movimentadas de Campinas havia vagado um espaço e o Clube de Pára-quedismo de Campinas montou uma exposição de materiais de salto para promover a próxima turma do curso de iniciantes de paraquedismo que iria começar dentro de alguns dias.
Entrei e me apaixonei. O que era aquilo? Saltar de um avião? Eu quero. O Elias era um dos paraquedistas do Clube e estava alí para atender. Fiz perguntas. Posso fazer o curso? Quando começa? Qual é a idade mínima? Eu posso participar, só tenho 12 anos de idade? Elias foi paciente comigo. Ele não queria dizer não para a criança cheia de entusiasmo. Sua resposta foi a seguinte: O Miro é o instrutor do Clube. Ele estará aqui hoje à noite. Volte e traga seus pais para falar com ele.
Fui para casa maravilhado. Vou ser paraquedista. Vou saltar de avião. Quando cheguei em casa estavam todos à mesa prontos para almoçar. Eu contei o que tinha acontecido. Pedi aos meus pais que fossem comigo falar com o instrutor naquela noite. Eles concordaram prontamente.
E assim, como prometido, fomos todos visitar a exposição de paraquedismo. Será que o tal instrutor abriria uma exceção pra mim? Quando chegamos, o Miro estava lá. Nos atendeu prontamente e muito bem. Contou tudo sobre o paraquedismo com muita animação.
Mas pra mim só interessava saber uma coisa: eu vou ou não vou poder fazer o curso de paraquedismo? A resposta foi a seguinte: a idade mínima para saltar é 16 anos, mas você pode acompanhar a parte teórica se quiser. “Fechado”, pensei. Durante esse tempo eu vou aprendendo tudo e quem sabe consigo convencer o Miro a me deixar saltar.
Naquela época o curso levava dois meses. Eu assisti a todas as aulas. Fui a todas as sessões de educação física nas quintas-feiras à noite. Participei de todos os briefings às sextas-feiras à noite, aprendi a dobrar o paraquedas, participei de todas as atividades de salto, passei em todas as provas. Mas não pude saltar.
Não tem problema! Determinação. Outro curso começou logo em seguida. Me matriculei neste curso também. Fiz tudo novamente. Fui em todas as aulas e todas as atividades. Desta vez tirei nota máxima em todas as provas. No dia em que todos os alunos do curso foram saltar, mas uma vez eu não pude saltar.
Persistência! Agora não havia outra turma começando, portando eu ia todos os dias na casa do Miro e tocava a campainha. Miro perguntava: O que você quer? Vim ter aula. Mas eu não tenho mais o que ensinar para você. Então deixa eu saltar. Ele respondia: Eu não posso deixar você saltar. Você não tem a idade mínima (nessa época eu já havia feito 13 anos). Eu dizia: então vou continuar vindo aqui para ter aula até você me deixar saltar.
Foi assim que na semana que antecedeu o dia 12 de dezembro de 1971 o Miro me deu a notícia: o Caribê Lemos Monte Santo (diretor técnico da União Brasileira de Pára-quedismo) autorizou o seu salto. Seu pai também conseguiu uma autorização do juiz de menores. Você vai saltar. E eu vou contar como foi esse salto no próximo post.
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Excelente! professor Ricardo… Que história!!! 😀
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Obrigado Emanuel.
Abraços,
Ricardo
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